Além de turistas estrangeiros e nacionais, Mato Grosso também está recebendo garotas de programa de outros estados que pretendem “recepcionar” os visitantes. Com cachês que podem chegar a R$ 1,5 mil por programa, jovens de Goiás e Rondônia vem para o Estado com altas expectativas de lucros.
Falsos militantes na luta contra a exploração sexual e a pedofilia sumiram |
De acordo com algumas profissionais do sexo, em apenas um mês é possível ganhar mais de R$ 15 mil depois de pagar as despesas com hospedagem e alimentação. Na Capital já existem sites de apresentação de garotas de programa com traduções para inglês e espanhol, para atender aos clientes estrangeiros.
Em diversos sites é possível encontrar telefones e fotos de jovens, que em alguns casos até falam inglês e espanhol. Segundo as profissionais, em alguns locais a demanda já aumentou desde o começo do mês, com a chegada dos turistas estrangeiros.
Bruna* chegou a pouco mais de uma semana em Cuiabá incentivada pelas amigas que já estão em Mato Grosso na mesma profissão. Vinda de Goiás, ela afirma que as expectativas são grandes de que com o início dos jogos a demanda aumente ainda mais.
“Cheguei há pouco tempo, mas vejo as meninas falando que os hotéis e as boates estão mais lotadas. O mercado aqui é melhor que em Goiânia, já tenho colegas que receberam em euro. Mas existe esse mito de que os ‘gringos’ gastam muito, mas quem gasta mais são os brasileiros”.
Apesar de ter uma profissão formal e trabalhar com carteira assinada, Cínthya*, 25, veio há 2 meses de Rondônia para Mato Grosso porque “o mercado é muito bom aqui”. Ela conta que investiu cerca de R$ 4 mil entre hospedagem e alimentação para vir ao Estado para ganhar mais de R$ 15 mil durante sua estadia.
“Gostam mais quando as meninas são de outros estados, porque quem vem de fora ganha mais. Já atendi chilenos e a expectativa é que os atendimentos aumentem depois do primeiro jogo em Cuiabá. Muitas meninas viajam e ficam um tempo no estado e depois vão para outro lugar. Essas são as mais valorizadas. Quem viaja não é qualquer garota de programa. São meninas aparentemente normais, que dormem em bons hotéis e que até falam inglês e espanhol para atender os ‘gringos’”, explica Cínthya.
Além dos programas através de um site de acompanhantes, ela também realiza shows em casas noturnas, onde garante ganhar mais de R$1 mil por noite apenas com apresentações eróticas. “Mato Grosso é um estado bom para ganhar dinheiro com programa. Aqui o movimento sempre é bom, porque é um estado onde existe dinheiro, mas espero que depois do início dos jogos em Cuiabá as coisas melhorem ainda mais. Nesse mercado de prostitutas de luxo, somos muito procuradas e os estrangeiros veem a mulher brasileira como símbolo sexual, o que é bom para os negócios”.
Mesmo com altos ganhos, há garotas que procuram sair da profissão e ingressar em uma carreira formal para mudar de vida. De poucas palavras, a goiana Thainá* chegou há poucos dias e com os ganhos iniciais se matriculou em uma faculdade de medicina da Capital, que irá pagar com o atual trabalho. “Com a Copa ainda não vi tanta diferença, achamos que iria aumentar muito, mas nos primeiros dias da Copa não vi diferença. Estamos esperando os turistas e vim com a expectativa de ganhar pelo menos R$ 1 mil por dia. No meu caso decidi ficar em Cuiabá e fazer faculdade de medicina para ter uma profissão”.
Para a assistente social e professora da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Madalena Rodrigues, os altos ganhos são um atrativo que iludem muitas mulheres e até meninas a entrarem para a prostituição. Além dos problemas físicos, a professora afirma que a mulher sofre muitas consequências negativas quando exerce esse tipo de atividade.
“Essas meninas podem pegar uma doença sexualmente transmissível ou engravidar sem planejamento. Mas esse problema é mais complexo do que parece. A prostituição traz consequências sociais, culturais, econômicas e psicológicas. É uma questão mais ampla. O tempo da relação sexual é pouco, mas as consequências são grandes e duram muito tempo”, explica Rodrigues.
A professora avalia que o impulso para a entrada no mundo da prostituição muitas vezes acontece dentro de casa, onde não é raro os próprios pais ou responsáveis “agenciarem” as meninas, mesmo antes dos 18 anos.
“O mito de que se ganha muito, somado ao fato que a mulher se sente bonita ao ser admirada por um ‘cliente’ são fatores que contribuem para que mais meninas entrem nessa vida. Mas essa situação só mudará quando desde a infância a menina for educada de uma forma a valorizar o seu corpo e se perceber como cidadã. Elas entram pelo dinheiro fácil, mas as situações que enfrentam são o oposto do que imaginaram. É uma vida difícil e que continua porque é vantajoso para quem utiliza esse comércio”.
MENORES - No Brasil a prostituição não é crime, porém quando o garoto(a) de programa é menor de idade, quem se utiliza desse “comércio” comete um crime e é preso. Também é crime o aliciamento tanto de menores como de maiores. Caso algum dos envolvidos seja menor de 14 anos, mesmo que não haja pagamento e o menor afirme que o sexo foi consensual, por lei o maior de idade é indiciado por estupro de vulnerável. Para combater essas situações, a Delegacia Especializada de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (Dedica) recebeu reforço de 12 investigadores e uma escrivã para atender anônimas ou feitas pelas conselhos tutelares.
Delegado da Dedica, Eduardo Botelho explica que as ações da delegacia não têm um foco em determinados lugares, pois a exploração sexual de menores na Capital não acontece apenas nas periferias, mas também em bairros nobres. “Na última semana prendemos 3 pessoas que praticaram sexo com menores de 14 anos.
Temos recebido denúncias desse tipo de crime em bairros nobres. Por isso não podemos restringir nossa ação e sim ampliar, para detectar o maior número de casos. Com o aumento da equipe, agora podemos atender as denúncias logo que as recebemos”.
Fazendo a Diferença:
Cuiabá e Várzea Grande, Copa do Mundo: Portal Todos Contra a Pedofilia espalha mensagens contra exploração sexual
Aeroporto Internacional Marechal Rondon de Várzea Grande recebe campanha contra exploração sexual na copa
Uma campanha contra a exploração sexual de crianças e adolescentes esta sendo promovida em Várzea Grande durante a Copa do Mundo, como mostra reportagem do Portal Todos Contra a Pedofilia. O objetivo é proteger os menores e alertar turistas estrangeiros que a prática é crime no Brasil.
O cerco contra crimes de exploração sexual e pedofilia se fechou ainda durante o período da copa do mundo em Várzea Grande e em Cuiabá. Algumas entidades lançaram políticas sociais, uma delas o “Portal Todos Contra a Pedofilia”, encampado pela ong do mesmo nome e presidida pelo maior ativista contra a exploração sexual e pedofilia em MT, João Batista de Oliveira.
Com inicio do maior evento esportivo do mundo – a Copa do Mundo, personalidades juntamente com o deputado estadual Emanuel Pinheiro (PR) e o secretario municipal de assistência social de Várzea Grande, Silvio Fidelis, abraçaram a campanha de combate a exploração sexual e pedofilia na copa.
Objetivo da ação é proteger crianças e adolescentes em Várzea Grande. Voluntários vão distribuir panfletos em três línguas a turistas estrangeiros.
A iniciativa é para combater a exploração de crianças e jovens neste período de Copa do Mundo. Segundo dados da ONG sueca ChildHood, especializada em proteção à infância, durante grandes eventos esportivos há aumento de casos de exploração sexual de mulheres e crianças. Em 2010, durante a Copa na África do Sul, foram registrados 40.000 casos de exploração infantil (aumento de 63%) e 73.000 ocorrências de abusos contra mulheres (83% a mais). Já no mundial realizado na Alemanha, em 2006, foram registrados 20.000 casos contra crianças (aumento de 28%) e 51.000 contra mulheres (49% a mais).
Falsos militantes na luta contra a exploração sexual e a pedofilia sumiram, diz Ativista, Emanuel Pinheiro atuante na causa prometeu apoio
João Batista criador do www.portaltodoscontraapedofilia fundou em 2009 site como uma “forma de protesto” contra imagens que o ativista viu na rede de uma menina sendo violentada. Chocado com as cenas, ele decidiu comprar a briga e passou a receber denúncias de casos que eram encaminhadas à polícia.
Muito indignado pela falta de apoio João Batista,afirmou que infelizmente a sociedade está perdendo a guerra contra a pedofilia na internet, pela falta de apoio financeiro para manter o site de combate a esse crime hediondo.
"Os organizadores estarão munidos de panfletos em espanhol, inglês e português, mas a nossa intenção é o estímulo para o contato presencial. Vão mostrar aos turistas que aqui existe uma rede e que as crianças e adolescentes de Várzea Grande estão protegidas", comentou o diretor do Portal Todos Contra a Pedofilia.
A denúncia é o principal caminho para que os órgãos de proteção consigam agir, alerta o ativista João Batista que é referencia na luta contra a exploração sexual. "O que acontece hoje, muitas vezes, é a pessoa não fazer a denúncia, pois espera o poder público atuar. Mas isso é inviável.
A ideia é fortalecer o trabalho já realizado durante todo o ano pela Prefeitura de Várzea Grande, independente de grandes eventos, afirmou João Batista.
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