Ministro Neri Geller e deputados estaduais José Riva e Dilmar Dal Bosco são investigados pelo STF
O juiz federal de Diamantino Fábio Henrique Rodrigues de Moraes Fiorenza remete parte das investigações da Operação Terra Prometida para o Supremo Tribunal Federal, em razão do possível envolvimento de “figurões” com foro privilegiado. Conforme decisão de declínio, são investigados agora pelo STF o ministro de Agricultura Neri Geller (PMDB), os deputados estaduais José Riva (PSD) e Dilma Dal Bosco (DEM), e os prefeitos de Itanhangá João Antônio Vieira, e de Ipiranga no Norte Pedro Ferronato.
Conforme a decisão, o chamado “Grupo Geller” era comandado pelos irmãos Neri, Odair e Milton Geller, donos de diversos lotes no Assentamento Itanhangá, realizando além da ocupação e exploração das áreas, também a negociação e venda a terceiros. Segundo relatos, a família Geller possui 18 lotes na comunidade Santa Emília.
Testemunhas dão conta de que Neri, considerado “braço forte político”, tinha dois lotes, mas vendeu para o fazendeiro Elio Faquinello, a fim de arrecadar fundos à campanha quando foi eleito segundo suplente de deputado federal ainda pelo PT, em 2010. Os demais membros da família também venderam as terras, restando somente Antônio Geller no local.
De acordo com o juiz, devido a família Geller ser detentora de vários lotes, o ministro Neri se empenhava para pressionar o superintendente do Incra, por meio do presidente do órgão de Brasília. Diante de toda a situação, as possibilidades do peemedebista em permanecer no Ministério da Agricultura se afastam ainda mais.
Ainda segundo a decisão, o relatório levantado aponta que os lotes 92, 94, 95 e 110 do Assentamento Itanhangá estão sendo ocupados por Clarisse Geller, Antônio Geller, Mareli Conrad Geller e Liara Conrad. Conforme relatos feitos pela Procuradoria da República de Mato Grosso, uma das testemunhas Adair dos Santos, que prestou serviços para Neri Geller em seus lotes, declara que o esquema criminoso envolvendo o ministro teve início em 1997, quando saiu pelo Incra os lotes para Adair e outras famílias. “Foi aí que começou as desavenças entre os mais fortes contra os mais fracos (...) Os créditos que o governo dava pras famílias assentadas, os mais ricos e poderosos tomavam (...) Que apesar de cada pessoa ode ter um lote, tem famílias com vários lotes, como o Grupo Versari, o Grupo Geller e o Grupo Fortes”.
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Trecho da decisão onde aponta que o ministro Neri Geller vendeu dois lotes para financiar campanha
A testemunha ainda relata que trabalhou nos lotes de Neri com extração de madeira, tirando tora. Diz que o ministro ia pessoalmente aos lotes. “Odair e Neri Geller vão lá até hoje, mas vão como autoridades. Na prática tudo é e Neri e não do grupo, já que ele não pode aparecer.”, dispara.
Em relação ao envolvimento dos deputados Riva e Dilmar Dal Bosco, há indícios de que ambos podem ter, em tese, atuado para favorecer grandes produtores rurais e empresas que desenvolvem atividades na região. Conforme denúncias nos autos, Riva tem propriedades na região em nome de laranjas. O deputado contava com a ajuda de Adão da Silva que “servia aos interesses de Riva”. “(...) pelo que sabe, Adão da Silva, em conluio com Riva, já indicou diversos lotes para laranjas do Riva (...)”.
Em outra denúncia consta que o social-democrata é articulador político de Itanhangá e da região, juntamente com os deputados Dilmar, Zé Domingos Fraga, Eliene Lima e o ministro Geller. No caso de Dilmar, relatos apontam que ele tem em torno de 30 lotes em nome de laranjas, os quais são administrados por Chiquinho da Rosa e Lauri da Rosa, que também são agiotas. Ambos andam fortemente armados, são muito perigosos e falam que têm “costa quente”, se referindo algumas vezes ao deputado democrata.
Outro lado
O deputado Dilmar Dal Bosco afirma que nunca teve nenhum lote no Assentamento Itanhangá e que não conhece Chiquinho nem Lauri Rosa. Explica que foi ao Assentamento enquanto parlamentar, pois é coordenador da frente parlamentar de regularização fundiária da Assembleia. Por isso, alega que cumpriu seu papel. “Já fui em audiência pública em 2012. O problema é que o Incra não funciona. Fui em reuniões em Novo Mundo, São José dos Quatro Marcos, Guarantã, Sinop e Terra Nova. Esse é o meu papel”.
Riva, por sua vez, também afirma que nunca teve envolvimento em qualquer esquema ou compra de áreas da União, nem mesmo em possíveis áreas de regularização fundiária. “Como deputado, meu papel foi colaborar e ajudar nesta questão famílias necessitadas de Mato Grosso”. Riva ainda diz repudiar qualquer ligação de seu nome na Operação Terra Prometida e desafia que apontem envolvimento ou indicação feita por ele com proprietários para estas áreas de assentamentos citados pela Polícia Federal.
Procurado pelo Rdnews, o celular de Neri Geller cai, de imediato, na caixa de mensagem.
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